terça-feira, 29 de setembro de 2020

Youjo Senki: Saga of Tanya the Evil - Review e teoria

Um anime bem curtinho, com 12 episódios e um longa metragem, Youjo Senki: Saga of Tanya the Evil é bem interessante e eu acho que mal compreendido. Enfim, se você curtiu, não curtiu ou só quer mais conteúdo, me acompanha na leitura e depois detona lá nos comentários!

Em primeiro lugar, eu já avaliei este e diversos outro animes no MyAnimeList. Se quiser dar uma olhada no que eu assisti e avaliei é só dar uma olhada no meu perfil, clicando aqui. Spoiler: pra mim Youjo Senki é nota 9.


Ah! A partir daqui vai ter Spoilers (será que é por isso que a Major tá rindo?).

Primeiro, resuminho da história! O personagem principal é um trabalhador de uma empresa japonesa e a história começa com ele demitindo um colega e expondo seu posicionamento, julgando a situação. Depois, no metrô, o mesmo colega empurra o protagonista nos trilhos para que ele seja atropelado pelo trem que está chegando na estação.

O tempo para.

E nosso protagonista tem uma conversa com o que seria Deus. Ocorre um conflito de ideias, já que o personagem principal se diz ateu e mesmo na situação descrita, não acredita em Deus, chamando a entidade de Ser X. Enfim, a entidade decide fazer o assalariado reencarnar em outro mundo sem perder suas memórias, numa situação extremamente vulnerável para que ele tenha uma chance maior de desenvolver fé.

E assim nasce Tanya von Degurechaff, que é abandonada em um orfanato. O governo descobre que ela tem aptidão para fazer magia (mágica, tanto faz) e ela se aproveita disso para entrar para o exército, onde essa pequena garota experimenta um sucesso astronômico.

Tudo isso trabalhando dois conflitos principais numa Europa marcada por um conflito que mistura a Primeira e a Segunda Guerra Mundial, com magia, tecnologias e táticas de ambas as guerras. Vamos aos conflitos!

Começando com o primeiro conflito que surge no anime e se prolonga até o fim: Degurechaff contra Ser X, que eu simplesmente vou dizer que é deus nos dois mundos.

É complicado de explicar porque essa briga ocorre em camadas. A primeira delas seria entre Degurechaff se dizer ateia e não aceitar a existência de qualquer deus. O que já no segundo episódio é usado pelo Ser X, numa discussão apressada com uma conclusão ainda mais rápida, de que a fé depende de situações precárias... e aí Degurechaff é colocada em situações extremamente ruins.

Ah! E muito importante: o Ser X avisa que se a protagonista morrer, não vai mais ter reencarnação.

Ela começa como órfã numa imitação da Alemanha dos anos 1920, com falta de comida e diversos outros problemas, mas descobre sua aptidão por magia e aproveita isso para entrar para o exército. E ela não faz isso pra matar a galera, mas porque isso aumentaria muito suas chances de sobrevivência.

E esse é o segundo conflito: Degurechaff quer viver uma vida tranquila longe de riscos, mas é constantemente colocada pra lutar na guerra. Tudo que a Tanya quer é parar de lutar e viver uma vida calma, sair do front e ficar tranquila para o resto da vida. Porém, os métodos utilizados não são lá os mais éticos.

Aí nós chegamos no ponto que é o motivo pra eu ter escrito este texto: discordo de chamarem Tanya von Degurechaff de Loli Hitler. Acredito que a personagem e a história trazem questionamentos mais profundos.

Em primeiro lugar, o comportamento dela não muda, seja trabalhando numa empresa japonesa, seja no exército imperial e nos dois casos ela alcança sucesso. Também, na empresa e na guerra, não existe nenhum sentimento de empatia, de preocupação com outro: tanto demitir o colega trabalhador quanto realizar uma operação do exército onde muitos morrem passam a ser apenas a execução perfeita do trabalho. O que me leva a pensar tanto na banalidade do mal da Hannah Arendt, quanto na possibilidade desse personagem sofrer de algum nível de sociopatia. E, nesse caso, não há culto a personalidade, não há megalomania, não há ódio ao diferente, não há nada que grandiosamente possa ser equiparado ao baixinho do bigode ridículo.

Em segundo lugar, Degurechaff é retratada como uma pessoa brilhante e, no filme, ouve seus subalternos, considera as possiblidades... diferentemente de Hitler, que ignorou seus generais quando eles falaram para que ele fortificasse a Normandia e foram ignorados.

Terceiro, não há racismo ou xenofobia aparente na protagonista. E aqui eu peço realmente desculpas se deixei passar. Por favor me corrijam nos comentários. Ela mostra desdém por seus adversários de guerra e um ódio incontrolável pelos socialistas que aparecem no desenho (acho que a única coisa em comum com o líder do regime totalitário citado).

Enfim, essas são minhas ideias sobre esse anime. Discorda, concorda ou acha outra coisa? Escreve aí em baixo. Estou louco pra mudar de ideia.

E, mais uma coisinha: por que tem tanto anime sendo baseado em Light Novel e não em mangá? Realmente queria saber o motivo disso...

Nenhum comentário:

Postar um comentário