quinta-feira, 9 de janeiro de 2014

Alguns anos depois, no limite do espelho - Mirror's Edge

Em junho do ano passado saiu o trailer da continuação de Mirror's Edge, mas só agora esse jogo voltou a ficar sob o foco dos holofotes: Rhianna Pratchett declarou que não vai participar da elaboração do roteiro.

Rhianna escreveu o primeiro Mirror's Edge, o Prince of Persia que saiu em 2008, foi adicional no roteiro de Bioshock Infinit, liderou a equipe responsável pelo roteiro da última participação de Lara Croft nos jogos eletrônicos e, encerrando com chave de ouro, participou como escritora de Beatbuddy.




Em seu Twitter, Rhianna postou:

“It’s really lovely that people care enough to ask whether I’m involved with Mirror’s Edge 2, but I’m not and wasn’t asked. By all accounts it’s a new team on it, so go with God, I say. Create cool stuff. We always need more of that.”
Tradução livre: "É realmente amável que as pessoas se importem o suficiente para perguntarem se estou ou não envolvida com Mirror's Edge 2, mas eu não estou e nem me pediram para fazer parte. No final das contas é um time novo que está no projeto. Então vão com Deus. Criem coisas legais. Nós sempre precisamos de mais disso."

Assim, acretido que vamos testemunhar um outro estilo de narrativa na nova história envolvendo Faith e a companhia do parkour. Além disso, o que se pode dizer desse trailer? Bom, pra mim ele focou demais no combate que, definitivamente, não foi o principal do primeiro jogo.

Mirror's Edge tinha foco principalmente no parkour e na velocidade da ação. Você podia até parar pra meter porrada e tiro nos "inimigos" que aparecem no mapa, mas essa não é a ideia. Por mais que o sistema de combate do jogo seja muito legal, simplesmente carregar uma arma já tira o equilíbrio da Faith, diminui sua agilidade.


O foco é resolver as coisas como a personagem resolveria. Ela está em constante fuga, ela não pode ser pega pela polícia. Nesse jogo, você não precisa entrar em conflito! É muito mais legal dar 5 passos numa parede, um pulo difícil e um rolamento enquanto ninguém consegue te acertar porque seus movimentos são bastante rápidos, precisos e você sabe onde está cada cano em cada telhado da cidade. Pode ver no vídeo aí em cima: é difícil desarmar um adversário sem usar a câmera lenta e o ritmo do jogo diminui bastante quando você pega numa arma. Parece até um FPS =P.

Em compensação, no vídeo aqui em baixo, você foge de um helicóptero (!) correndo freneticamente. Pessoalmente, acho este segundo gameplay muito mais interessante e divertido, apesar de alguns tiras merecerem uns dois pés no meio do peito de vez em quando. Obviamente estou me referindo ao ambiente dentro do jogo.


O ponto deste post é que Mirror's Edge é um ótimo jogo. É um dos meus jogos favoritos, apesar de alguns pontos fracos.


Em primeiro lugar, o cenário (conjuntura ou background) é excepcional. Vivendo sob um regime totalitário, os runners (como é chamada a galera do parkour) são o meio encontrado para entregar mensagens de conteúdo delicado. Infelizmente, esse cenário quase não é usado durante o gameplay. As autoridades querem acabar com os runners. É isso. Poderia ser melhor explorado.

Outro ponto importante, e que pode ser encarado como negativo, é o excesso de linearidade. Em uma cidade grande, as missões do jogo simplesmente fazem você ir do ponto A ao ponto B por um caminho pré-definido com pouca ou nenhuma variação. Isso foi proposital, e em certas partes do jogo até interessante para mostrar o level design, mas acredito que, assim como a conjuntura do jogo, poderia ser melhor explorado de outra maneira.

Fora que este é um jogo de parkour que não agradou jogadores de Prince of Persia e nem de Assassin's Creed: os comandos são muito mais complicados quando você está controlando a Faith.

Quadrinho retirado daqui.

Outra coisa é a história que não ajuda muito. Grande parte do jogo foi feito antes de Rhianna entrar para a equipe de escritores: não que ela seja uma deusa do roteiro e resolva todos os problemas, mas isso mostra que foram feitos remendos na equipe responsável pela história do jogo, deixando o enredo em segundo plano, desenvolvendo o resto da programação separada da sequência de acontecimentos. Inclusive, numa decisão de última hora foram cortadas todas as falas relevantes da Faith durante o gameplay.

E, encerrando, Mirror's Edge é muito curto, podendo ser fechado sem muita pressa em 7 horas.

Esse jogo pode ter muitos defeitos, mas continua sendo um ótimo. Por mais que algumas pessoas que conheço tenham se decepcionado no final, eu as vi jogando como crianças no meio do jogo. Cada vez que você descobre como sair de um lugar difícil, a cena no metrô, fugir feneticamente de um helicóptero que está atirando em você... Mirror's tem momentos excelentes que justificam bastante aproveitá-lo.

Espero que na continuação sejam mantidos os pontos fortes do primeiro jogo e corrigidas as falhas. Um jogo de parkour focado em combate não me parece algo muito coerente.

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