domingo, 26 de janeiro de 2014

Yo-ho! Piratas! Parte I - reelaborado

A veia política do site às vezes fala mais alto... o primeiro post do blog foi bastante carregado do que eu penso, de como eu vejo algumas coisas. Este aqui não será diferente.

Imagem retirada daqui.

Estudando a respeito, vi que a versão original desta postagem não estava adequada à legislação do país e minhas pesquisas acerca do tema me mostraram continuações distintas das propostas inicialmente. Desta maneira, decidi reelaborar esta postagem para continuá-la de maneira diferente.



Antes de escrever sobre o assunto, é importante deixar claro que no Brasil a pirataria é crime. Ela está definida no artigo 1º do decreto nº 2.224/04 como a violação de direitos autorais como descritos nas leis 9.609/98 e 9.610/98. E, ainda, de acordo com o Código Penal brasileiro, “incitar, publicamente, a prática de crime” (art. 286) e “fazer, publicamente, apologia a fato criminoso ou autor de crime” (art. 287) também são atitudes que vão contra a nossa legislação.

Assim, neste trabalho não existe a intenção de defender a pirataria, tão difundida na sociedade brasileira, mas, sim, endendê-la de maneira que o conhecimento aqui produzido possa alimentar debates e propicie o desenvolvimento de políticas mais eficientes no combate a esta modalidade criminosa. Bom, para a postagem propriamente dita

Já há algum tempo o mercado de jogos eletrônicos movimenta mais dinheiro que a indústria de filmes ao redor do globo. Neste ano de 2013, essa diferença será ainda maior: somente nas primeiras 24 horas de lançamento de Grand Theft Auto V o total arrecadado alcançou a marca de 800 bilhões de dólares. Muito mais que qualquer filme na história. Durante o segundo dia de vendas, GTA chegou à marca absurda de 1 bilhão de dólares. Esse faturamento se deve a venda de cópias originais do jogo. Agora, imagine quantas pessoas estão jogando a versão pirata.



No mínimo, essa é uma dúvida interessante: quantas pessoas ao redor do mundo devem agora estar jogando GTA V sem ter desembolsado um centavo? Ou que pagaram quinzão pro tio que vende DVDs na esquina do supermercado? Pensando nisso, dá pra tentar imaginar o que o desenvolvedor do jogo, a Rockstar, pensa em fazer a esse respeito, afinal daria pra faturar ainda mais dinheiro caso não circulassem cópias piratas do jogo. No geral, os grandes produtores de jogos são completamente contra a prática de venda e distribuição de cópias ilegais de suas mercadorias.

Para entender um pouco da pirataria, no entanto, irei utilizar um caso menor, uma situação em que a menor mudança nos números de venda se mostre expressiva: o caso da revista em quadrinhos Underground.


Esta HQ, escrita por Jeff Parker e desenhada por Steve Lieber, foi lançada em maio de 2010 nas comic shops estadosunidenses e, algum tempo depois, em outubro do mesmo ano, alguém anonimamente postou página por página escaneada no 4chan. Inconformado, Lieber não entrou na justiça: ao invés disso, decidiu "anonimamente" discutir com as pessoas do fórum. Ele começou com a seguinte mensagem logo depois das imagens, escrevendo sob o pseudônimo de Pissed off Fanboy-X:


Hey fuckheads!!!! Stop pirating Steve and Jeff's comics this is an indie book, not a mainstream comic any sales loss affects the creators much more adversely than a company like Marvel or DC both of which are backed financially by huge mega corporations.
Tradução livre: Ei, bobões!!!! Parem de piratear a HQ do Steve e do Jeff. Essa é uma revista independente, não uma publicação grande. Qualquer diminuição nas vendas afeta os criadores muito mais do que afetaria uma companhia como a Marvel ou a DC, que são amparadas financeiramente por enormes mega corporações.

O usuário que postou a revista disse que fazer isso era a maneira dele ajudar o trabalho dos autores, que não bastava simplesmente falar que era legal, ainda mais pela revista ter sido lançada já há algum tempo. E, na sequência, as vendas de Underground tiveram um pico, como pode ser percebido no gráfico postado por Lieber no site da HQ:

* Reviwed at Boing Boing = Analisada em Boing Boing.
* Bootlegged at 4chan = pirateada no 4chan.

E pra quem diz que cachorro velho não aprende truque novo, Lieber publicou a revista para download gratuito no seu site. É sério! Clica aqui. Ele apenas pede doações às pessoas que baixarem a revista. Como sugestão, é citada a quantia de 7 dólares (em 2010 eram só 5).

Esse caso serve para ilustrar dois pontos importantes sobre vendas e, consequentemente sobre a pirataria: (1) estar sob o holofote é importante: faça o que puder pra chamar atenção; e (2) não basta liberar a pirataria, se você sair da luz, outro tomará o seu lugar. As pessoas se esquecem rápido, só alguns blogs de games bem atenciosos lembram de detalhes pequenos e obras obscuras.

Pretendo continuar as publicações sobre pirataria, mas ainda não defini o caminho que elas vão seguir.



Post Scriptum (só detalhes bobos, não precisa ler): no site da HQ Underground dava pra ler a discussão que rolou no 4chan na íntegra, mas parece que ela foi tirada do ar. Se você quiser conferir, é só buscar por "http://www.undergroundthecomic.com/4chan_thread_20614483.html" no Google e acessar o cache.

Um comentário:

  1. A Stephanie Meyer venceu o 4chan: http://xkcd.com/591/
    + tirando ela, ninguem faiz pode com eles
    uauahuhauhauhauhauhauha

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