No capitalismo em que vivemos, na maioria das vezes, os preços são determinados pela "lei" da oferta e da demanda.
De maneira simplificada, a oferta é a quantidade de algo, um produto ou serviço, disponível para venda. Já a demanda é a quantidade de pessoas dispostas a comprar um determinado serviço.
E, continuando de forma resumida, a oferta é inversamente proporcional à variação de preço, enquanto a demanda é diretamente proporcional. O que quer dizer:
- quando a oferta aumenta, o preço diminui;
- quando a oferta diminui, ou seja, ocorre escassez, o preço aumenta;
- quando a demanda aumenta, o preço também aumenta; e
- quando a demanda diminui, o preço também diminui.
Agora, trazendo isso para o mundo real, várias empresas, e atualmente a Nintendo, tentam driblar essa regrinha para cobrar mais por seus produtos e serviços.
Vamos ver como.
Jogos, distribuição digital e escassez artificial
Até pouco tempo atrás, a oferta de jogos era limitada pela quantidade de mídias físicas que eram produzidas. A quantidade de jogos disponíveis para venda já dependeu da quantidade de cartuchos que a empresa conseguiu fabricar ou até do número de discos queimados.
Hoje, com a distribuição digital, praticamente não existe limitação: tem um arquivo num servidor em qualquer lugar do mundo e, depois que a venda é feita, para cada vez que o comprador quiser instalar o jogo, uma cópia é feita por download.
Isso quer dizer que a internet acabou com qualquer problema ligado à falta de jogos no mercado, a oferta se tornou praticamente infinita. E, com isso, o único fator que passou a determinar os preços dos jogos é a demanda, que normalmente tem um ciclo bem previsível.
Durante o lançamento, quando o interesse das pessoas é maior, também tem mais pessoas querendo comprar um jogo qualquer e, em razão disso, o preço costuma estar em seu valor máximo.
Conforme o tempo vai passando, cada vez menos pessoas se interessam em comprar o jogo, então, para aumentar as chances de venda, as empresas diminuem o preço.
Por exemplo: hoje, no Brasil, o preço de lançamento de um jogo é mais ou menos R$ 350 e ele vai ter, nas suas primeiras semanas, um número razoável de vendas. Dois ou três anos depois, se for mantido o preço do lançamento, o número de vendas vai ser próximo de zero, já que pouquíssimas pessoas estarão dispostas a pagar preço cheio por um jogo antigo, principalmente no formato de mídia digital.
Assim, a empresa dona do jogo faz uma conta relativamente simples: precificação do jogo baseada na quantidade de vendas. É analisado quanto dinheiro vai entrar em relação aos vários preços que o produto pode ser vendido.
Deixando simples pra todo mundo entender: numa promoção qualquer, o preço de Witcher 3, lançado há 10 anos atrás, em 2015, caiu pra R$ 10. Isso quer dizer que neste preço o jogo vai ser vendido pelo menos 36 vezes mais do que se ele continuasse com o preço de um lançamento, R$ 350.
Fora isso, o ganho financeiro, esta estratégia permite que mais pessoas tenham acesso aos primeiros jogos de uma franquia e, assim, se tornem público para novas entradas naquele universo. Isso aconteceu, inclusive, com Monster Hunter: muitas pessoas só jogaram o World porque tiveram acesso a ele em promoções e se tornaram fãs, que, agora em 2025, foram lá e compraram o Wilds no lançamento.
Isso sem falar que, além disso, também foram criadas novas maneiras de ganhar dinheiro com jogos: anúncios, cobrança de assinatura para acessar conteúdos online, lootboxes, DLCs, itens cosméticos e muitos outros.
Hardware é pra ficar mais barato sim
Agora, para falar de Hardware, do console em si, eu acho que a situação se torna mais problemática porque temos declarações, tanto do presidente e diretor de operações da Nintendo of America, quanto, supostamente, do Satoru Iwata que foi presidente empresa.
Vamos começar com o suposto texto do Iwata:
TRADUÇÃO LIVRE: No livro [não sei qual], Satoru Iwata é citado como tendo dito:
Depois que uma peça de hardware é lançada, o preço vai sendo reduzido por 5 anos até que a demanda segue seu rumo [acaba]. Mas, já que o ciclo da demanda nunca falha, por que se preocupar em reduzir o preço desse jeito? O meu ponto de vista dessa situação é que se você diminui o preço com o passar do tempo, o fabricante está condicionando o consumidor a esperar por um preço melhor, algo que eu sempre pensei ser uma abordagem estranha. É claro, isso não significa que eu seja contra diminuir os preços em todas as situações, mas eu sempre quis evitar essa situação em que os primeiros a dar suporte pra gente se sintam punidos por pagar mais caro, reclamando que "esse é o preço por eu ter pago pra ser o primeiro da fila?!"
E, mesmo que essa declaração não seja do Iwata, o atual presidente e diretor de operações da Nintendo of America Doug Bowser, confirma essa linha pensamento empresaria em sua entrevista no Washington Post.
Agora, antes de continuar o texto, eu gostaria que você parasse alguns segundos para digerir a informação que o sobrenome do presidente da Nintendo of America é BOWSER.
E se o BOWSER conseguiu crescer na Nintendo, será que é pra acabar com a empresa e, consequentemente com o Mario?
Mas, deixando as brincadeiras de lado, o Bowser defendeu o preço dos jogos, explicou que eles vão escolher com qualquer critério aleatório que dê mais dinheiro, ou seja, enquanto a demanda for razoável a estes preços, eles não vão mudar, e que os consoles vão continuar no mesmo valor e não vão mudar:Meu primeiro ponto aqui é que foi dado um 180º numa das políticas que fez do Switch original um sucesso: preço acessível. Mesmo com a configuração do dispositivo já estando defasada na época, a Nintendo deixou claro que não haveria subsídio, assim, ela já estava tendo lucro por console vendido e o preço se manteve até hoje.
Além disso, pra mim, fazer isso com hardware é uma piada de mal gosto e um tapa na cara do consumidor: em primeiro lugar porque conforme o tempo passa, fabricar os componentes eletrônicos de um mesmo produto fica mais barato.
No caso do Switch original, especificamente, que foi lanaçdo em 2017, era para o preço já estar bem menor. Já tem 8 anos que o produto foi lançado e o conjunto de placa mãe, placa de vídeo e processador já é pra estar muito mais barato.
Fora isso, hoje, com o mesmo valor, a gente já consegue comprar portáteis chineses mais potentes e com mais recursos.
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