terça-feira, 27 de maio de 2025

Gamer CLT, Game Pass e FOMO

Promoções na Steam levaram a galera a ter uma infinidade de jogos em suas bibliotecas. Serviços de assinatura oferecem dezenas de títulos que ninguém nunca vai jogar e a gente continua comprando. Vamos conversar sobre isso!

I. Pensar

Já faz um bom tempo que eu virei adulto, então acabei tendo que escolher várias vezes apenas 2 entre dinheiro, tempo e sono. Acho que essa é a prova que eu virei um gamer CLT.

Durante a maior parte do ano eu acabo não jogando muito, porque tem o trabalho, a família, a casa, enfim, as responsabilidades de adulto. Acaba que o PS4 fica encostado a maior a parte do tempo, pegando pó.

Não é sempre, mas tem umas épocas que eu escolho o "jogo das férias". Em janeiro, agora de 2025, foi Tomb Raider (2013) e em julho vai ser God of War Ragnarok. Aí, como só tenho esses meses pra jogar mais e fechar os títulos que eu escolhi, faço uns acordos e trocas com a minha esposa e consigo ficar na frente do console mais horas por dia.

Na maioria das vezes, pensando no que eu jogo e no que vou jogar no futuro, está tudo ótimo: eu compro 2 ou 3 bons jogos por ano e me divirto muito com eles. Fora que ainda tem muita coisa boa que saiu e está saindo para o PS4, então não existe nenhuma razão para eu trocar de console.

Para você ter ideia, fazendo a lista de cabeça aqui, alguns jogos que eu ainda quero pegar são: Cyberpunk 2077, Detroit: Became Human, Fatal Fury: City of Wolves, Horizon Forbidden West, Metaphor: ReFantazio, Resident Evil 2 e 4, os outros 2 Tomb Raider que saíram depois, Vanquish, Vampyr e vários outros.

Fora isso, ainda tem muito jogo antigo que eu quero jogar ou rejogar pra deixar registrado no Retro Achievments. Já estão separados Final Fantasy XII, God of War I e II e Rogue Galaxy.

O que eu quero dizer é que, olhando pra essa situação eu percebo que, mesmo que eu não trabalhasse ainda teria o suficiente de jogos bons pra brincar por uns anos. Então está tudo bem, enquanto eu não estou na internet...

Infelizmente, quando Clarice Lispector disse que "pensar é um ato, sentir é um fato" e Arthur Schopenhauer descreveu "a ânsia de ter e o tédio de possuir", empresas pegaram essas ideias, provavelmente em pesquisas de mercado, não necessariamente desses autores, e lascaram a vida de todo mundo criando modelos de negócios baseados em instigar nas pessoas o FOMO, Fear Of Missing Out ou medo de ficar para trás, de não conseguir acompanhar tudo que está acontecendo no mundo.

Nesse caso específico é o medo de não estar por dentro do que está acontecendo no mundo de um dos nossos hobbies.

Pra nós, gamers, é fácil de entender: "a ânsia de ter" é a imensa quantidade de jogos que compramos em promoção e que estão nos serviços de assinatura. Compramos e nos inscrevemos por impulso, por ansiedade. Já "o tédio de possuir" é nossa backlog, o que temos, todos esses títulos que estão lá disponíveis, e nós nunca nem encostamos neles.

II. Sentir

Pra mim, FOMO é um tipo de ansiedade que está cada vez mais presente em nossas vidas com o uso da internet.

Eu digo tudo isso porque, agora em 2025, a Microsoft está colocando algum lançamento de peso no Game Pass todo mês. Já foi Ninja Gaiden 2 Black, Avowed, Balatro, Blue Prince, GTA V, Clair Obscure: Expedition 33, Oblivion Remake, Doom: The Dark Ages e outros.

Metaphor, que está na minha lista, vai entrar no serviço agora no fim de maio.

E toda vez que os jogos do mês são anunciados, toda vez que um lançamento de peso começa a fazer sucesso, toda vez que um jogo é adicionado ao catálogo sem nenhum aviso (shadow drop), metade da internet só fala disso e bate uma vontade enorme de trocar de plataforma e assinar o Game Pass. É só estar na internet que a FOMO vem forte.

Eu tenho que parar e lembrar de tudo que eu já tenho aqui em casa: instalei Mirror's Edge no PC pra jogar caso apareça algum tempo livre, falta alguma coisa perto de 15 horas pra fechar Final Fantasy XII e eu já comprei God of War Ragnarok pra fechar nas férias. Tem tudo isso, mais uma biblioteca de 300 jogos na Steam, um monte de jogos que eu peguei de graça na Epic Games, no GoG, jogos bons de PS4 que eu queria rejogar e eu não estou jogando nada porque estou em encerramento de semestre no trabalho.

Enquanto eu estou online, parece que se eu comprasse um Xbox e assinasse o Game Pass, na minha cabeça, eu teria acesso a todos os lançamentos do momento, estaria jogando tudo que aparece nos vídeos e nas notícias de games. Eu estaria junto com a galera.

Só que, na verdade, o videogame ia passar uns bons meses do ano sem que eu nem encostasse nele.

Pra mim, o Game Pass fez a Microsoft vencer essa geração de consoles. O Xbox tem mais jogos, lançamentos melhores e um público que gasta dinheiro todo mês com a plataforma, mesmo que não jogue. E, por mais que tudo isso seja melhor que a concorrência, não é pra mim.

Eu tenho sempre que lembrar os meus hábitos de jogo e escolher comprar aquilo que eu vou aproveitar mais. Eu já estou fazendo isso ficando com o PS4 e comprando meus 2 ou 3 títulos por ano.

2025 está complicado. Tem jogos que fazem barulho no Game Pass todo mês e, acompanhando a galerinha dos games na internet, bate a FOMO.

Pelo que eu vejo, minha única defesa é entender essa ânsia, essa ansiedade de consumir, e lembrar, sempre, que possuir tudo isso vai ser um tédio, até porque eu não vou ter tempo de jogar.

Chega! E você, sabe quais são os seus hábitos de jogo? Entende como a mídia especializada tenta te fazer consumir mais e mais? Conte aí pra gente nos comentários e ajude o blog a crescer.


PS: E pra quem pensou "Ah! Você não tem tempo pra jogar, mas está escrevendo textão pro blog". Eu ando com um caderno o tempo todo pra fazer os rascunhos dos textos do blog. Escrever esfria minha cabeça. Aí, depois, é só passar a limpo.

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