sábado, 19 de julho de 2025

Unsighted - Análise

Unsighted é um jogo independente brasileiro que foi lançado dia 30 de setembro de 2021 para Windows, Nintendo Switch, Xbox series S/X, Xbox One e PlayStation 4. O título é um metroidvania isométrico que se passa num futuro pós-apocalíptico em pixel art.


Eu comprei minha cópia no GoG, em junho de 2025, e joguei no PC com um controle de PlayStation 4.

Neste título nacional você é Alma, um autômato de combate, que começa acordando com amnésia em um laboratório destruído. O jogo estimula a exploração dessa parte com um pequeno tutorial e já te expulsa do lugar logo em seguida. Circulando pela parte de fora, você acaba na Vila Engrenagem, conversa com alguns NPCs e descobre por cima o que está acontecendo.

O básico, sem dar nenhum spoiler, é que naquele mundo caiu um meteoro que liberou uma substância chamada anima, que fez os autômatos criarem consciência. Mas os humanos não aceitaram isso, afinal de contas os autômatos são máquinas que devem trabalhar para eles.

Antes do jogo teve uma guerra, que os humanos perderam, e os autômatos estavam vivendo sozinhos em paz naquela região. A única que ficou foi a Doutora Zeferina, que se dedicou a ajudar os autômatos e estudar cinco pedaços tirados do meteoro.

Depois de um tempo os humanos voltaram e deram um jeito de selar o meteoro, para que parasse de sair anima dele, além de botar umas criaturas bem fortes para proteger o corpo celeste.

A anima no corpo dos autômatos se tornou um recurso limitado, que vai acabar para todos em poucas centenas de horas e, sem ele, cada um deles vai perder a consciência, se tornar agressivo e atacar tudo em volta. Quando isso acontece com um autômato, ele passa a ser um unsighted.

Resta a você, Alma, recuperar os cinco pedaços do meteoro, que a Doutora deixou espalhados pela cidade e guardados por antigos amigos, que deveriam proteger esses fragmentos dos humanos, mas, sem anima, eles se tornaram unsighted e vão te atacar.

A cada pedaço de meteoro que você recupera, é mostrada uma memória da Alma.

E, além disso, seu objetivo é recuperar os 5 pedaços do do meteoro para fazer uma arma especial, que vai te permitir libertar a anima que os humanos prenderam e, assim, salvar todos os autômatos de perderem suas conciências.

Unsighted tem uma série de características de outros jogos, mas que em conjunto trazem uma experiência completamente nova e muito boa.

A progressão narrativa, no geral, é linear semelhante a The Legend of Zelda, acredito que, mais especificamente, a Link to the Past, mas estimula voltar no mapa depois de conseguir novas habilidades para alcançar lugares que antes você não conseguia, ou seja, tem a dinâmica de metroidvania, mas com quase nenhuma característica de RPG.

Também parece ter uma inspiração em Fallout, o original de 1997, com a ideia de tempo para realizar a missão principal. No entanto, o peso emocional disso em Unsighted é bem maior.

Isso acontece porque no jogo mais antigo você é enviado para procurar um purificador de água e, caso não encontre ou demore demais, todo mundo que você conheceu na sua vida vai morrer. Só que seu personagem só vê o prefeito uma única vez no início do jogo e mais ninguém. Como jogador, até dá pra criar algum apego emocional com os personagens, mas não muito, porque eles nunca aparecem.

Unsighted cria um peso psicológico muito maior. Aqui cada personagem interagem com você, passeia pelo cenário, vende alguma coisa. Cada um aparece por algum motivo.

E cada um deles agora tem um relógio em contagem regressiva que diz pra você quanto tempo ele ainda tem de consciência. Pior ainda, o jogo te avisa com mensagens do tipo "Ariel só tem mais 24 horas" ou "Ariel virou unsighted", então você sabe quem não é mais o mesmo. Você sabe que agora não vai poder comprar armas, itens, conversar nem receber missões daquele NPC.

No final das contas, só tem duas opções: acabar o jogo ou gastar um item raro pra dar um pouco mais de tempo pra alguém. Bem pouco.

Tem mais pontos a serem explorados neste sistema, mas qualquer informação além das que já estão aqui poderiam estragar a experiência de jogo.

Por fim, ainda tem mecânicas de soulslike: a fogueira, os recursos e o parry (aparar).

Dá recarregar sua vida em certos computadores espalhados pelo mapa, os terminais, mas isso dá respawn em quase todos os inimigos. Quando você morre, perde uma parte razoável do seu dinheiro, que aqui são parafusos, mas dá pra ir até onde sua vida acabou e pegar de volta. E aparar os golpes inimigos é uma mecânica muito importante para conseguir avançar no jogo. Arrisco dizer que tem muitas lutas, mesmo contra inimigos comuns, que é inviável jogar sem parry.

Somado a essas mecânicas, o caminho para avançar está bloqueado o tempo todo, então você tem que dar voltas, procurar chaves, interruptores escondidos, analisar o cenário e tudo isso leva tempo.

Mas o jogo é tão bom, que muitas vezes eu decidi ir com calma para resolvendo tudo e explorar o mapa, por que é gostoso entender cada um dos puzzles e receber as recompensas. E, no momento em que eu percebi que está demorando, que o timer de mais alguém está no fim, bateu a pressa e eu me desconcentrei em algumas batalhas, morri e perdi mais tempo.

Unsighted cria um conflito interessante entre aproveitar o jogo com calma e ter pressa de acabar para salvar o máximo de NPCs possível.

Eu demorei um pouco mais de 10 horas pra fechar na minha primeira tentativa e o jogo tem uma série de características que te estimula a jogar de novo. Sensacional. Fico no aguardo para o próximo jogo do estúdio, que, a propósito, todos podem ajudar: é só colocar ABYSS X ZERO na lista de desejos do Steam! Eu já fiz isso.

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